sábado, 31 de janeiro de 2009

Palavras Pautadas II



Chove em mim

Há momentos em que preciso de escrever.
Há momentos em que gosto de escrever.
E há momentos em que não sei escrever.
Há momentos em que queria ter ninguém,
Para a sua perda não ter de sofrer.

Há dias em que a saudade me oprime,
Me embarga as palavras na garganta,
Há dias em que chora a voz que canta.
Há dias em que a saudade é sofrimento e me angustia,
Em dias em que só se espera um novo dia.

Já noutros tanto te quis viver,
Mas eterno mais ninguém pode ser
E sempre seu estar tua grandeza trai.
Há alturas em que preciso de escrever,
Porque há alturas em que me estás a ler,
Há alturas em que te preciso Pai.

31 de Janeiro... hoje completarias 60 anos... vejo o teu rosto e ouço a tua voz como se tivesse estado contigo ainda há pouco, talvez por não haver um só dia em que não visites o meu pensamento, pois não há um só dia em que não recorde alguma coisa que me tenhas ensinado... e é nesses momentos que sofro a tua ausência...

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Hoje sinto-me...



(talvez por amanhã ser Sexta-feira - com S grande)

... capaz de Sonhar - com S grande!

Quem me conhece bem sabe que eu adoro esta canção... porque para mim esta é uma verdadeira canção de amor, com toda a simplicidade e entrega que o amor encerra...
Quem me conhece melhor já mo ouvi dizer algumas (dezenas de) vezes...
Quem me conhece não sabe que eu espero que um dia alguém escreva uma canção assim para mim...

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Discurso Directo I

- A chuva é muito útil, porque se não houvesse chuva nunca aparecia o arco-íris...
(B., 7 anos)

60%...


é a quantidade média de água presente no organismo humano (no meu talvez bem menos, considerando que só bebo um copo de água sob ameaça literal de morte...)


e quando, durante as aulas de física no liceu, isto me foi dito pela primeira vez, a estranheza apoderou-se de mim - eu não sou muito de raciocínios abstractos... conhecesse-me o bom velho Piaget e diria que fiquei encalhada no estádio das operações concretas... enfim!


Mas agora, atentamente, acho que já percebo... pois só assim se explica sermos todos tão volúveis, instáveis... ora calmos, ora agitados... num dia verdadeiros cubos de gelo, noutros vapores resultandes dum terrível aquecimento (nem sempre global)...


Resta-nos desejar nunca ser água parada, que fica choca, começa a cheirar mal e podemos ter que aturar (leia-se engolir) sapos...

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Quando eu era pequenina...


era com o meu pai que eu gostava de ir às compras; com a minha mãe jamais poderia ser eu a escolher, a decidir o que queria, o que achava que me ficava mesmo a matar; já com o meu pai... enfim!
E ele ainda achava graça ao facto de eu escolher sempre, pelo menos, dois tamanhos acima do meu número. Ainda hoje sou um pouco assim...Talvez por isso ele dissesse que eu não iria ter chatices na vida. Queria porventura dizer que eu não era de me meter em apertos, nem de procurar desconfortos.
Porém, actualmente, sou levada a concluir que, mesmo que não andemos à procura de problemas e por melhor que saibamos escusá-los, a vida tem sempre alguns já reservados para nós, que nos oferece quando menos esperamos...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Há quem diga...

que nunca esquece uma cara ou um local, que se lembra de todos os lugares por onde já passou, que se lembra da roupa que usou naquele dia ou até da que o outro estava a usar...

Há também quem diga que nunca esquece um cheiro, que reconhece as pessoas pelos seu perfume, as terras pelo seu aroma, ou as comidas pelo seu odor...

Eu posso dizer que nunca esqueço as sons, que lembro todas as vozes, até as que nunca mais poderei ouvir, que basta ouvir uns acordes para me lembrar até das canções mais antigas, que basta fechar os olhos para conseguir ouvir o mar...

Talvez por isso me incomode tanto o silêncio e chegue a preferir em seu lugar o ruído, talvez por isso me asfixiem as palavras que me ficam na garganta, talvez por isso me julgue capaz de me ouvir dizer o que jamais direi e de escutar o que não me dizem... enfim!

domingo, 25 de janeiro de 2009

Hoje sinto-me...


... culpada!

I watched the clouds drifting away
Still the sun can't warm my face
I know it was destined to go wrong
You were looking for the great escape
To chase your demons away

Acabo de ouvir...


o meu médico preferido dizer que defende "a eutanásia, para casos em estado terminal"...

Será que as relações (seja de que tipo forem) também podem chegar a esse estado?

é que assim, também eu sou defensora da eutanásia...


(adoro este homem, manquinho e tudo!)

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Eu...


vejo as coisas como elas estão, como elas são... mas vejo também como elas podiam ser, como deviam ser... e de tanto olhar de um lado para o outro fico como que cega, tão cega que não consigo ver o fosso que existe a separar estes dois lados, o do que é e o do que podia ser, o do ser e o do querer, o da realidade e o do sonho...
Será cegueira, ilusão ou, simplesmente, ingenuidade (para não dizer burrice?)...
É que se as coisas não estão bem, eu não consigo ser feliz... e por isso não posso deixar de pensar, cismar, deixar-me absorver pela certeza de que, então, nunca o serei...
Eu... assim sou eu...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Hoje sinto-me...




... nostálgica!

Provavelmente o primeiro videoclip de que guardo memória...

Como diria...


a minha A.miga da Anunciação (a minha 'maninha', como eu gosto de me lembrar dela... todos os dias!), "tal é a Obamomania que se vive", o ressuscitar de um sonho (por enquanto... ...) americano, que este paísinho em que vivemos esquece os que algum dia tiveram coragem de levantar a voz... e no caso dele tão bem se soube fazer ouvir!


Um poeta fantástico, autor de letras para canções vencedoras do Concurso da Canção da RTP, uma enorme voz na declamação, uma personalidade entusiasta e irreverente no 25 de Abril... enfim, serei eu alguém para falar ou tentar lembrar a Figura que este país sabe esquecer?


Comemorou-se no passado dia 18 o aniversário do falecimento de José Carlos Ary dos Santos... não me lembro de ter passado por nada que o noticiasse, mas passo aqui a limpo o seu Soneto:


Fecham-se os dedos donde corre a esperança,

Toldam-se os olhos donde corre a vida.

Porquê esperar, porquê, se não se alcança

Mais do que a angústia que nos é devida?


Antes aproveitar a nossa herança

De intenções e palavras proibidas.

Antes rirmos do anjo, cuja lança

Nos expulsa da terra prometida.


Antes sofrer a raiva e o sarcasmo,

Antes o olhar que peca, a mão que rouba,

O gesto que estrangula, a voz que grita.


Antes viver do que morrer no pasmo

Do nada que nos surge e nos devora,

Do monstro que inventámos e nos fita.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Palavras Citadas I


"É isso!", disse Abraços. "Agora sei:

o beijo de um pato é refrescante.

O beijo de um cavalo é quente.

O beijo de um porco é terno.

O beijo de um coelho é suave.

O beijo de uma borboleta é maravilhoso...

Mas o melhor beijinho de todos é o que recebo de ti!"
... retirado de um livro escrito pelo educador de infância e editor Christophe Loupy e que faz - mesmo - enternecer as crianças... e a mim também... enfim!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Ainda...


em relação ao blog e ao que nele se escreve...

quem me conhece só poderá achar uma incongruência... pessoas como eu que calam o que sentem, que não dizem o que pensam, não escrevem publicamente... esperam antes não ser ouvidas, sufocam seu próprio pensar, com medo da desaprovação dos outros...

e os outros, os que lêem, não ficarão com a falsa sensação de que conhecem quem estão a ler? e se conhecem, não se sentirão assim, como que apanhados à espreita... ou então com a sensação de que ouviram uma conversa que não lhes era dirigida?

domingo, 18 de janeiro de 2009

A verdade...


a verdade é que filosofia não é o meu forte; já tiveste oportunidade de o comprovar em viagens sui generis de metro, ou em almoços num qualquer restaurante de fast food, de um também qualquer centro comercial; comprovaste-o e fizeste-mo notar... não é o meu forte, definitivamente, mas nem por isso deixo de gostar tanto... aliás, se só gostasse daquilo em que sou boa, gostaria de tão pouco... e logo eu, que gosto tanto de gostar tanto de tantas coisas, de tanta gente...
voltando à filosofia; reli há pouco uma história de Aristófanes, uma história escrita por Platão em O Banquete; ele afirmava que, no antigo mundo da mitologia, não havia só homens e mulheres... muito à frente, eles acreditavam que havia pessoas macho/macho, pessoas macho/fêmea e pessoas fêmea/fêmea... cada um continha em si duas partes e, como todos viviam satisfeitos com essa sua condição, não pensavam sequer em mudar; até que um dia os deuses (temperamentais como só eles...) pegaram numa faca e cortaram cada um em dois... o mundo ficou então dividido em machos e fêmeas e desde então cada pessoa passa a sua vida à procura da sua metade...
ora, eu sou de conclusões simples (ou simplistas?) e daqui concluo que é extremamente difícil para uma pessoa viver sozinha... e lembrei-me de escrever isto hoje, por causa da conversa que tive com a minha querida E. (que eu habilmente baptizei de M. e não é que o nome pegou? não só pegou como lhe assenta que nem uma luva, uma luva que nela, mesmo que o não fosse, seria uma luva elegantérrima, como só ela...)
só não entendo o que pode ter levado os deuses a cortar as pessoas em duas... enfim!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Um Blog...

uma sinfonia de palavras...
não palavras sem pauta, sem ritmo, fora de tom, como as que me viajam pela cabeça...
Aqui escreve-se o que se relê, não o que se sente em bruto, sem lapidação feita de cuidados, reservas ou discrições...
Aqui mostra-se o que parece, não o que é...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Palavras Pautadas I

Queres fazer de nós uma memória
só pensada
não vivida
para que tudo não se afaste

Queres uma memória sem história
só sonhada
não sentida
para que o tempo não a gaste

Essa vontade peremptória
mal-fadada
como a vida
de ficar onde não chegaste

Será memória sem glória
memória passada
memória perdida
por perder o que não arriscaste

Mas és já uma memória
tão desejada
e não dorida
por ganhar o que não jogaste...

Hoje é um daqueles dias...

em que venho para casa achando que ninguém tem um emprego pior do que eu... e que está na hora de mudar...
... mas quando sempre, desde sempre, se pensou ser algo, se trabalhou para se concretizar esse sonho e depois se verifica que, afinal de contas, nada é como o idealizado, chega-se a um ponto que mais não é do que um beco sem saída... onde não se pode ficar muito tempo sem tomar uma decisão... e a única visível é dar meia volta... enfim, custa tanto acordar de um sonho!!!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

"E se a tua vida fosse um livro...

...como se chamaria?"
"Sei lá eu? Assim de repente... ainda se estivéssemos na Fnac, com todos aqueles títulos à volta..."
" 'Tá bem! E se fosses uma música, como te chamavas?"
"Uma música?... Não sei. Sinfonia Desafinada!"
"Sinfonia Desafinada?"
"Sim!"
"Mas... desafinada?"
"Mesmo desafinada, não deixa de ser uma sinfonia..."

E assim nasce um blog, que é prenda... Ou uma prenda, que é blog... Sabe bem, sabe àqueles presentes de Natal, já fora de tempo, aqueles com que já não se está a contar... mas o travo que fica é de prenda de aniversário antecipada, porque não quero pensar nisso e, por isso, não páro de pensar...
E porque a idade teima em fazer lembrar as regras que, até uma certa idade, nos lembramos de esquecer, recorro à educação para te dizer - Obrigada!

... e agora, que sei para o que estava, talvez tivesse pensado melhor e escolhido outro título... mas se tivesse pensado melhor, julgo que estaria ainda agora a pensar... enfim!

Vamos lá então...

dar início a isto, porque "é feio recusar presentes ou não lhes dar uso"... se bem que ainda não esteja a ver lá muito bem quais as vantagens de se ter um blog, quando mal se sabe ler ou escrever... quando se escreve para si próprio, coisas tão de dentro que quem está de fora não poderá nunca entender... mas, enfim, como também não espero (leia-se tenho esperança em) ser lida, acho que pode ser útil sim, pois, pelo menos, ficarei com tudo aqui arrumadinho e limpinho e pode ser que deixe de encontrar rascunhos esquecidos em gavetas desarrumadas ou papéis rabiscados em bolsos de calças de ganga (com tinta borratada pela lavagem na máquina, borratada como uma pintura abstracta em tela ocasional)... "e sempre é um sítio mais digno para escreveres, do que o teu diário no hi5"... enfim!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Teste

brevemente...