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Eu adoro borboletas, são como flores bailarinas e quase consigo ver o rasto de minúsculas estrelinhas brilhantes que deixam no ar à sua passagem… mas detesto aqueles quadros de borboletas “embalsamadas”… pois essas não dançam…
Eu adoro flores, flores do campo, violetas e amores-perfeitos… muito mais do que gosto das rosas e outras que tais, que emanam uma sofisticação que me derruba… mas não gosto muito que me ofereçam flores, pois não é num vaso que as imagino nunca…
Eu adoro ter amigos, desde crianças a velhotes e não há um único com o qual não aprenda muito… chego às vezes a pensar que não sou mais do que um somatório de tudo aquilo que vou recebendo dos outros…
Eu adoro música, de todos os géneros, de todos os tempos… não há acordes que não mexam qualquer coisa em mim e não façam dançar qualquer parte do meu corpo… apenas os instrumentais não me enchem as medidas, porque, para mal dos que me rodeiam, adoro trautear tudo o que ouço… e adoro ir a concertos e deixar-me envolver pela onda de igualdade que une todos os presentes…
Eu adoro dançar… sozinha, com os amigos, numa discoteca, até sentada no carro… gosto especialmente de o fazer descalça… e adoro assistir a espectáculos de dança, talvez os que mais me emocionem…
Eu adoro cinema, ver filmes no computador, na televisão, em todo o lado… mas não resisto muito tempo sem cumprir o ritual de me sentar numa sala de cinema, com um pacote enorme de pipocas, sozinha ou acompanhada… e são poucas as vezes de que tenho memória de ter vindo de lá insatisfeita… apenas detesto os de ficção científica, mas esses não os vou ver…
Ainda assim adoro fadas e acredito que elas existam mesmo… à excepção da fada dos dentes, que se esqueceu sempre de mim…
Eu adoro cabelos soltos e saias compridas… roupas soltas… adoro brincos compridos e pulseiras… mas não gosto muito de colares… parece que me aprisionam…
Eu adoro respirar liberdade, mas às vezes ser demasiadamente livre é penoso, pois achamo-nos no direito de fazer e dizer tudo o que queremos, sem nunca nos pormos a pensar se as nossas calças rotas vão chocar alguém, ou se aquela pessoa queria mesmo ouvir o que se pensa dela… além disso, talvez pelas crónicas distracção e falta de iniciativa que me assolam, era bom que alguém me mandasse fazer o que há para ser feito…
Eu adoro ler… tudo em todo o lado… excluindo todos os livros técnicos… ou seja, adoro todos os livros de romance e de poesia que já li e adoro também todos os que ainda tenho para ler… adoro determinados autores e choro com muito mais facilidade a ler um livro do que ao ver um filme… e por falar nisso, ao contrário do que muitas vezes ouço, gosto de ver no cinema a transposição de livros que já tenha lido… gosto de ver as diferenças, de descobrir o que o realizador sentiu de maneira diferente da minha…
Eu adoro ver o mar, apanhar conchinhas à beira-mar, olhá-lo, senti-lo, cheirá-lo, deixar-me envolver por ele… faz-me recordar, sonhar, sentir-me forte e pequenina ao mesmo tempo… faz-me emocionar e sentir vontade de viajar e de viver…
Eu adoro horóscopos… apesar de não os seguir, adoro pensar que no céu as estrelas estão a pensar em nós e a seguir os nossos passos, conjugando-se para alumiar o nosso caminho…
Eu adoro sorrisos e acho mesmo que é o melhor que me poderão dar… adoro os que me dão naturalmente e adoro conseguir arrancar de algumas caras fechadas aquele sorriso mágico que faz brilhar estrelas nos seus olhos…
Ou o meu sistema nervoso está a entrar em colapso, ou conseguiram projectar uma metáfora (no mínimo) tocante, do que é uma verdadeira amizade...entre outras coisas, bem tocantes também, como a solidão, a dúvida, as escolhas... só assim se justifia que eu já chore a ver comédias... (às vezes nem me reconheço... enfim!)
cá fica um pouco da minha pesquisa... Parece que quando surgiram, nos idos anos 70, as Blythe assustaram as crianças... naquela altura, de cabecinha lavada no que respeita a desenhos animados japoneses, as pequenitas ainda tinham medo de olhões grandes e que mudavam de cor...
desta forma, as originais Blythe Kenner (ah pois é, com sobrenome e tudo!...) ou foram atiradas para o monte dos brinquedos esquecidos, ou então tiveram a sorte (e nós também...) de alguns (leia-se algumas...) coleccionadores cuidarem delas...
essas, as originais, quase com quarenta anos, eram mais ou menos assim:
e tudo permaneceu assim até que, já na década de 90, Gina Garan, produtora de TV e cinema, após ter comprado uma destas bonecas no Ebay, começou a fazer-lhe roupinhas e a fotografá-la, em vários cantinhos deste mundo, provando que elas são bastante fotogénicas...
daí até se ter tornado a boneca da moda no Japão, foi um nada... hoje em dia há coleccionadoras em todo o mundo, maioritariamente mulheres adultas, mães de família, profissionais bem sucedidas, que até promovem encontros... que no fundo transformam a(s) sua(s) Blythe no seu alter ego...
não direi mais nada, porque da última vez que disse querer uma responderam-me "please, get a man!"
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50 anos... ninguém lhos daria... 
Finalmente consegui ir vê-lo... e valeu bem a pena! 
... que inevitavelmente acarretam mudanças… e inconscientemente dou por mim a pensar…
- Como teria sido se não tivesse vindo trabalhar para um bairro social a muitos quilómetros de casa?
Se não tivesse vindo trabalhar para um bairro social a muitos quilómetros de casa, não teria revivido memórias perigosa e dolorosamente recentes, não teria voltado para junto de locais e pessoas que só queria esquecer… para depois concluir que é possível enterrar um passado e conviver bem com ele, desde que se mantenha assim – enterrado! ...
Se não tivesse vindo trabalhar para um bairro social a muitos quilómetros de casa, não teria que voltar a morar num quarto alugado… para depois concluir que aquilo que aos vinte anos se leva com leveza e humor, aos trinta acaba por aborrecer e incomodar…
Se não tivesse vindo trabalhar para um bairro social a muitos quilómetros de casa, não teria conhecido profissionais fantásticos, experimentado novas formas de trabalhar… mas não teria também verificado que se pode ser claro e parecer ambíguo, que muitas vezes se confunde experiência com competência, intransigência com inteligência, discórdia com ideia de grupo… para depois concluir que isso é só trabalho e Deus me livre de um dia isso se tornar a minha única prioridade…
Se não tivesse vindo trabalhar para um bairro social a muitos quilómetros de casa, não teria conhecido pessoas lindas, amigos para sempre… para depois concluir que o meu coração tem capacidade ilimitada para novos inquilinos, mas que os que já lá habitavam não se atrasam com o pagamento da renda nem um diazinho!...
Se não tivesse vindo trabalhar para um bairro social a muitos quilómetros de casa, não teria sofrido um despiste e desfeito o carro que tanto adorava… e se isso não tivesse acontecido não teria comprado um outro que nunca me satisfez… e foi preciso baterem-me nesse outro para depois concluir que afinal gosto muito dele… e já tenho saudades!
Se não tivesse vindo trabalhar para um bairro social a muitos quilómetros de casa, não o teria conhecido, nem teria confundido amizade com amor… para depois concluir que a Amizade não é mais do que o verdadeiro amor, porque é esse o amor calmo, verdadeiro, puro… porque não é posse, nem exigência, nem obrigação…
Se não tivesse vindo trabalhar para um bairro social a muitos quilómetros de casa, não teria pensado nunca na minha casa como um pesado encargo, nunca a teria encarado como uma simples casa de férias (e sobretudo de fins-de-semana…), nem teria nunca ponderado a hipótese de repensar planos e refazer caminhos… para depois concluir que a Terra que escolhi para “minha” continua a sê-lo (pelo menos para já!), que tenho a certeza (nunca) absoluta de que é lá que quero ficar e que tenho muitas saudades da minha casa!!! ...
Quando surgiram, nos anos 70, os seus enooooooormes olhos transmutáveis assustaram as crianças... As originais Blythe Kenner ficaram então esquecidas ou nas mãos de alguns coleccionadores.Na década de 90, Gina Garan, produtora de TV e cinema, após ter comprado uma destas bonecas no Ebay, começou a costurar-lhe roupinhas e a fotografá-la, em vários cantinhos do mundo. Daí até se ter tornado a boneca da moda no Japão, foi um nada... Hoje em dia há coleccionadoras em todo o mundo, maioritariamente mulheres adultas, mães de família, profissionais bem sucedidas, que promovem encontros e, no fundo, transformam a(s) sua(s) Blythe no seu alter ego...
