quinta-feira, 18 de junho de 2009

A vida ...



esconde-se em cantos para onde se varre a poeira que se quer esquecer... e descobre-se em recantos escondidos por móveis gastos, finalmente arredados...
Muitos desses cantos, tantas vezes paralelos, é como se comunicassem entre si, por paredes de pintura suja, impregnadas de nicotina, ou vidraças felizes de janelas airosas... paredes que escondem linguagens, códigos, que lá ficam a pairar, quer seja por sobre as telas graciosas de inspiração artística, ou sobre biblôs herdados de duvidosos bons gostos, pendurados por devoções amarelecidas...
E eis que quando, caminhando ao acaso, de uma divisão para outra, dessa casa cujos cantos se julgam tão bem conhecer, se tropeça num tapete que é surpresa, ou num degrau que inesperadamente se esqueceu, mas se revela então de forma poderosa...
E nesse sobressalto volta a ouvir-se bater o coração que se cuidava parado como o relógio ladeado pelos biblôs... e a esse novo ritmo, essa vida que é casa, ganha novas cores, desempoeira-se, como uma fénix renascida das cinzas de uma lareira há muito apagada...
E neste ponto, há que saber parar, tirar o lençol que protegia o sofá, sentar e saborear o momento... longamente... enquanto ele durar...

1 comentário:

Anónimo disse...

Ui! O Sol brilha tanto por aí que queima aqui.

Beijo

"M"